terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Homem (Pré) Histórico ou Índio




Para alguns estudiosos no assunto, os indígenas brasileiros, muito provavelmente se fixaram no que é hoje chamado Brasil, no estado neolítico, ou seja, encontravam-se inseridos no grupo de menor desenvolvimento cultural, inclusive desconhecendo a escrita.

No final do século XV, quando os europeus chegaram a América, encontraram com povos em diferentes estágios de evolução.  Por um erro, os habitantes do Novo Mundo foram chamados de índios, por terem sido julgados pertencerem a Índia. Procurou-se corrigir o equívoco, dando-lhes o nome de ameríndios e às novas terras de Índias Ocidentais.  Os ancestrais desses “índios” haviam se estabelecido no continente através de diversificadas ondas migratórias.

Calcula-se que, quando Pedro Álvares Cabral chegou ao litoral do Brasil, aqui encontrou vivendo em torno de 6 milhões de “índios”. A terra encontrada pelos portugueses em 22 de abril de 1500 refletia um grande cenário de natureza exuberante e quase virgem.  Porém, já se encontrava habitada. Os especialistas, tomando por base os estudos de Karl von den Steiner, consideram a existência de quatro grandes nações: tupis-guaranis, jês, caribes e aruaques, e vários grupos menores.

O próprio nome Brasil, dado pelos portugueses em função das árvores que existiam em grande abundância pelo litoral e que passou a ser o principal produto comercial nos trinta primeiros anos após a sua chegada, não existia para os diferentes grupos que aqui viviam.  Para uns aqui é Pindorama, a terra das palmeiras, já para outros, é Piratininga, assim por diante.  A nação de um índio é a sua terra, é a área que ele vive com o seu povo.

Segundo o mito das várias tribos Timbira, do grupo Jê, que habitam o sul do Maranhão e o norte de Goiás, diz que “antigamente não havia civilizados, mas apenas índios”.  Este “antigamente” vai muito além do que possamos imaginar, visto que as informações arqueológicas que dispomos nos permite dizer que há mais de 11 mil anos atrás grupos humanos já habitavam a parte sul-americana do que hoje chamamos de Brasil. Tal afirmativa parte de machados, martelos de pedra, pedaços de cristal de quartzo e ornamentos de conchas encontradas na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais.

Contrariando o nosso primeiro parágrafo, segundo alguns especialistas, o desenvolvimento cultural dos habitantes do Brasil antes do descobrimento foi muito maior do que a maioria dos brasileiros possa imaginar. Segundo o artigo de Pablo Nogueira, os índios brasileiros, antes da chegada de Cabral, usavam roupas, praticavam comércio e tinham grandes e complexas aldeias.

Ainda, segundo Pablo Nogueira, novas pesquisas em história, arqueologia, botânica e ecologia apontam para aldeias com grande extensão, chegando algumas terem quilômetros de extensão e populações que beiravam a soma de milhares.  Continuando o relato, alguns habitantes usavam roupas e faziam expedições comerciais trocando produtos a centenas de quilômetros de distância e até às vezes alteravam a vegetação da floresta.  

Tal afirmação não surgiu do nada, ela parte de árduos estudos e pesquisas realizadas pelo historiador Antônio Porro, da Universidade de São Paulo, que durante duas décadas esmiuçou documentos sobre a história desses índios escrita pelos mesmos europeus que nos séculos  XVI e XVII, navegaram pelo Rio Amazonas em busca de terras e tesouros mitológicos, como o El Dorado, e que mais tarde os levariam à ruína.  Tais expedições não encontraram as riquezas lendárias, e acabaram por trazer preciosos relatos sobre o que encontraram.

Porém existem teses contrárias que segundo os arqueólogos mais tradicionais, a existência de grandes sociedades nativas seria impossível e não passariam de exagero, na melhor das hipóteses, dos relatos dos viajantes.

Esta visão não é recente, vem desde os anos de 1960, quando esteve em nosso país a arqueóloga americana Betty Meggers. Ela escreveu um livro: “Amazônia: Homem e cultura num falso paraíso”, através do qual argumenta que por não serem fáceis as condições de vida na floresta tal situação impedira o surgimento de grandes populações nativas.  Segundo ela os primitivos habitantes (índios) não possuíam chefia centralizada e nem habitavam por muitos anos num mesmo lugar.

Entretanto, conforme descreveu Michael Heckenberger: “a chefatura marajoara, que floresceu na ilha de Marajó de cerca de 400 dC até 1300 dC, pode ter sido a mais desenvolvida das sociedades que habitavam a várzea”. É especialmente reconhecida por sua elaborada cerâmica pintada e pelos sambaquis maciços construídos à mão, sobre os quais se erguiam aldeias e cemitérios com urnas.  Explorações recentes, em particular as pesquisas dirigidas pela arqueóloga Anna Roosevelt, demonstraram que essa cerâmica elaborada, do tipo Horizonte Policrômico, apareceu primeiro na foz do rio Amazonas e depois se espalhou para oeste, contrariando a hipótese anterior segundo a qual teriam derivado de civilizações andinas.

Completamente segregados na imensidão das florestas, os “índios” brasileiros não lograram nunca obter alto padrão de cultura como o dos Incas, Maias e Astecas, porém dentro de suas limitadas condições conseguiram passar para as gerações futuras o seu legado, principalmente no que se refere à alimentação, no asseio (banhos no rio) e na presença constante de elementos linguísticos indígenas na toponímia, dentre outros.

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