terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Brasil e seu passado (pré) histórico


O Brasil não tem pré-história, o Brasil tem história anterior ao seu descobrimento. Segundo os cientistas, continua sendo difícil estabelecer uma história coerente sobre a (pré) história do Brasil. Além do amplo período de tempo, que poderá se estender até 50 mil anos, a área de pesquisa é muito vasta estendendo-se da Amazônia até os Pampas Gaúchos e do Nordeste ao nosso Pantanal.

Estudiosos e especialistas, em sua maioria, norte-americanos, afirmavam até o final dos anos 90 que a ocupação do continente americano era compatível com o denominado “Modelo Clovis”, ou seja, que o homem teria ocupado as terras americanas há não mais de 11.400 anos.

Porém, segundo estudos realizados, o povoamento do continente americano e, consequentemente, o Brasil, ocorreu aproximadamente ao final da última glaciação, ou seja, no término do Pleistoceno. As culturas provenientes deste período são comprovadamente anteriores há 12 mil anos AP.

Surge daí o embate entre os norte-americanos, propagadores do chamado modelo Clovis e os demais pesquisadores. Ao defenderem este modelo, a comunidade arqueológica estadunidense, ignora duas importantes informações que desde os anos 70 fazem parte do dia a dia dos arqueólogos sul-americanos: a primeira informação é de que em vários sítios arqueológicos na América do Sul encontram-se plenamente comprovadas datações no mínimo tão antigas quanto as da cultura Clovis e a segunda informação é de que tanto na América Central quanto na América do Sul não foi encontrado em nenhum sítio paleoíndio qualquer sinal das pontas acanaladas ou da exploração especializada da megafauna extinta como recurso alimentar.

Em se tratando de Brasil, segundo Ana Roosevelt, a presença de seres humanos na floresta amazônica é de aproximadamente 11.300 anos. Tal afirmação parte de suas pesquisas realizadas no abrigo de Pedra Pintada na cidade de Monte Alegre, no estado do Pará, e também na ilha de Marajó.

Continuando nosso retrocesso na (pré) história do Brasil, podemos citar os artefatos de pedra retocados pelo homem encontrados no sítio arqueológico de Lapa do Boquete, no norte do estado de Minas Gerais, cuja datação remonta há aproximadamente 12 mil anos. Ainda no tocante a objetos lixados e polidos pelo homem, foram encontradas em escavações realizadas em Mato Grosso no ano de 1984, pelo casal Denis e Águeda Vialou, pingentes de ossos lixados e polidos pelo homem fornecendo datas de sua presença em até 25 mil anos.

Porém o sítio arqueológico brasileiro que mais causou polêmica é o do Boqueirão da Pedra Furada, localizado na Serra da Capivara, no município de São Raimundo Nonato, no sudoeste do Piauí. Foi em uma gruta que Niéde Guidon encontrou, além de centenas de pinturas rupestres, pedaços de carvão que podem ter sido resultantes de uma fogueira acesa há mais de 50 mil anos. É bem verdade que grande parte da comunidade cientifica não aceita tal datação partindo do pressuposto de que os pedaços de carvão encontrados por Niéde Guidon são provenientes de queimadas naturais e não de fogueiras feitas pelos antigos caçadores primitivos.

No sítio arqueológico de Lapa Vermelha IV, em Pedro Leopoldo, no estado de Minas Gerais, entre os anos de 1974 e 1976, uma Missão Arqueológica Franco-Brasileira, liderada por Annette Lamming-Emperaire, obteve evidências de que haveria a presença de homens no Brasil anterior a 11 mil anos. Annette e sua equipe de arqueólogos encontraram o crânio de uma mulher, que anos mais tarde, seria batizada com o nome de Luzia.

A surpresa não esta relacionada a antiguidade do achado, pois segundo as datações, Luzia teria morrido há cerca de 11.500 anos, se enquadrando dentro da hipótese Clovis mencionada no inicio deste trabalho, esta relacionada ao estudo liderado por Walter Neves em 1988 e que caiu como uma bomba sobre as interpretações tradicionais sobre o povoamento da América.

Segundo muitos arqueólogos, e principalmente os norte-americanos, os primeiros homens que teriam chegado ao continente americano foram os mongóis, denominação dada aos grupos originários da Ásia Central. Estes grupos teriam passado pelo Estreito de Bering, no Alasca, há cerca de 11 mil anos.

Walter Neves, após ter estudado o crânio encontrado no sítio arqueológico de Lapa Vermelha, constatou que o fóssil tinha características físicas mais próximas dos povos oriundos da África e da Austrália do que da Ásia. Neves e seus colaboradores também concluíram que havia ocorrido outra onda migratória para as Américas pelo Alaska, porém há pelo menos 15 mil anos.

Em 1999, foi feita uma reconstituição da face do crânio de Luzia pelo Dr. Richard Neave, da University of Manchester, na Inglaterra, e que mostrou de forma complementar e independente aos estudos realizados por Walter Neves, que Luzia apresenta morfologia diferente dos ameríndios atuais, sendo mais semelhante aos indígenas australianos ou africanos.

Há muito que se descobrir e se estudar sobre a (pré) história do Brasil, e a arqueologia é a fonte de conhecimento que permitirá reconstituir a história dos nossos primitivos habitantes. Certamente os vestígios descobertos através das escavações darão testemunho da origem e da evolução da cultura dos povos que viveram em nosso território antes da chegada de Pedro Álvares Cabral.

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