sábado, 31 de dezembro de 2011

Escola dos Annales



Oriundos da Universidade de Estrasburgo, os professores e historiadores March Bloch e Lucien Febvre, fundaram no ano de 1929 uma revista que recebeu o nome de Annales d’Histoire Économique Et Sociale, cuja primeira edição chegou as mãos do público francês no dia 15 de janeiro, e que mais tarde será batizada com o nome de Escola de Annales.

Destacando-se das demais publicações de história daquela época, a nova revista dedica especial interesse às ciências sociais e aos problemas presentes, contrariando a história tradicional proveniente dos grandes homens e baseada em fatos, vindo a receber a denominação de “História Nova”.

A revista dos Annales resumia as experiências e todo o saber dos seus fundadores, Bloch e Febvre, assim como deixava transparecer as suas criticas à história tradicional e nas crenças do modelo positivista, típica do século XIX. Eles propunham uma ciência sem dogmas, resultante de experiências práticas ou de observação, e não de conhecimentos teóricos.

Após a morte de Bloch e em seguida com a morte de Febvre, fundadores e maiores expoentes da primeira geração, quem assume o lugar de diretor efetivo da Escola dos Annales é Fernand Braudel.

Braudel afirmava que mesmo que lentamente, todas as estruturas estão sujeitas a mudanças e que para que isso ocorra tem de haver a contribuição especial do historiador para com as ciências sociais. Ele preconizava ver as coisas em sua inteireza, não se conformando com as fronteiras, separassem elas regiões ou ciências. Em sua obra, Mediterrâneo, ele valoriza as mudanças econômicas e sociais ocorridas ao longo dos anos, a localização do homem em relação ao meio em que vive, e dialogando com a geografia histórica, ele constrói a geo-história.

O historiador Ernest Labrousse, discípulo do economista François Simiand, incorporam na Escola dos Annales a chamada história quantitativa, através da qual, gráficos, tabelas e métodos quantitativos são incorporados nas análises históricas e sociais. No decorrer das duas primeiras décadas do pós-guerra, a análise quantitativa e a análise econômica ultrapassaram a análise da geografia, estabelecendo pesquisas e debates sobre os problemas de crescimento e de desenvolvimento, passando a fazer parte dos estudos na revista a história dos preços, a história demográfica e a história regional, dentre outras.

Com relação a terceira geração da Escola dos Annales, constatamos mudanças intelectuais e a ausência de uma liderança marcante. O policentrismo, conceito através do qual admitiu-se que o centro do pensamento histórico esta espalhado em vários lugares, proporcionou a abertura de novas idéias e trabalhos vindos de outros países de fora e de dentro do continente europeu e pode-se incluir novos temas aos já existentes.

A inexistência de um conhecimento temático levou a que alguns estudiosos falassem numa fragmentação. A mudança de interesse dos intelectuais da Escola dos Annales, deslocando-se da base econômica em direção para a superestrutura cultural e das mentalidades, ficou conhecida como um movimento que foi do “porão ao sótão”.

Por este motivo há o surgimento de assuntos relacionados à família, a mulher, as crianças, a sexualidade, a maneira de se vestir e até mesmo de se amar. Surge também, a chamada psico-história, ou seja, são incorporada as idéias, conceitos e propostas da psicanálise como sendo temas históricos. As questões medievais também estão presentes e, passam a ser estudadas através dos trabalhos do importante medievalista Jacque Le Goff.


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