domingo, 19 de dezembro de 2010

Relação entre Ilustração e Liberalismo


O século XVIII é conhecido historicamente como sendo “O Século das Luzes”, “A Ilustração” ou “O Iluminismo”. O Iluminismo foi um movimento surgido da revolução intelectual e iniciado na Inglaterra por volta do ano de 1680, que rapidamente foi difundido entre a maior parte dos países da Europa e também na América. Porém foi na França que o Iluminismo atingiu o seu ponto culminante.

Foi um movimento que provocou efeitos profundos no pensamento dos homens e orientou o curso de suas ações. Todas as expressões acima citadas revelam um significado semelhante, ou seja, de iluminar, eliminar o obscurantismo, combater as superstições e fundamentar a existência humana através do uso da razão e do progresso.

Podemos dizer que as idéias Iluministas são provenientes do racionalismo de René Descartes, Francis Bacon, Espinosa e Hobbes, porém os verdadeiros fundadores do movimento foram Isaac Newton e John Locke. Entre os filósofos franceses do Iluminismo merecem destaque Denis Diderot e Jean d’Alembert. Diderot e d’Alembert foram os principais componentes de um grupo conhecido como os Enciclopedistas. Diderot, um homem do seu tempo, teria afirmado: “Cada século tem um espírito que o caracteriza: o espírito do nosso parece ser o da liberdade”.

Segundo os pensamentos de Descartes, todos os mistérios poderiam ser conhecidos, desde que se estabelecesse uma rede de razões, partindo do conhecido ao desconhecido. Descartes é considerado o fundador do racionalismo moderno, devido a exposição do método racionalista dedutivo, com base nos princípios matemáticos.

Para Bacon, as fontes principais da Ilustração estão concentradas na filosofia do racionalismo e do empirismo. O racionalismo fornece o método crítico, demolindo a tradição e instalando a razão, já o empirismo acrescentou o caráter sensível à experiência.

Alguns reis europeus e seus ministros concordavam com muitos princípios da Ilustração ao compreender que as reformas racionais podiam modernizar e engrandecer seus Estados. Concederam liberdades comerciais, impulsionaram a agricultura, melhoraram as comunicações e o saneamento público, desenvolveram a administração da justiça e reformaram a educação. Dentre eles, podemos destacar, no reinado de D. José I, as decisões de seu ministro, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal, que realizou profundas reformas na estrutura administrativa e econômica do império português, estabelecendo entre 1750 e 1850 uma nova ordem política e jurídica, o Liberalismo.

Os iluministas tiveram fundamental importância no campo da política, apresentando à sociedade da época novos pensamentos em relação às formas de governo e à organização social. Podemos destacar neste contexto, o filósofo inglês John Locke, que através de sua obra intitulada “Tratado do Governo Civil”, marcando com a sua teoria o surgimento do que se chamou de “Liberalismo Político”.

Conforme Locke, os homens nascem livres e todos são iguais; desde o inicio são governados pela razão, devendo ter os seus direitos naturais preservados. De todos esses direitos, o de maior importância, seria o que lhe assegura o direito a propriedade relacionada diretamente ao trabalho, pois segundo ele, estaria no trabalho a origem da propriedade.

Liderados por François Quesnay, um grupo de pensadores franceses, colocou em discussão a vida econômica gerenciada pelo Estado Absolutista (mercantilismo), esse grupo foi denominado de Fisiocratas, pois, segundo eles, existem apenas duas formas de trabalho: a produtiva e a improdutiva. Somente a produção, e não a circulação de mercadorias poderia trazer riqueza e prosperidade para a nação. Adeptos da ordem natural também na economia, os fisiocratas condenavam veementemente a interferência do Estado na administração e gerenciamento das riquezas do reino. Com esses preceitos, defendiam a liberdade de produção e apoiavam o fortalecimento das iniciativas burguesas.

Já os pensadores ingleses, da chamada Escola Clássica, defendiam a liberdade de mercado, a propriedade privada e o individualismo econômico. Segundo eles, haviam leis naturais que comandavam o funcionamento sistemático da economia. Dentre os vários representantes do liberalismo econômico podemos destacar Adam Smith. A exemplo dos fisiocratas, Smith sustentava a existência de uma ordem econômica, de uma “mão invisível” que rege as relações econômicas. Dispensando qualquer intervenção ou regulamentação por parte do Estado. Suas idéias tiveram como obstáculo os monopólios e vantagens que os reis concediam aos comerciantes e aos donos de manufaturas, porém os liberais conseguiram convencer os comerciantes e investidores sobre a importância da liberdade comercial e da criação de novas empresas e manufaturas, originando mais tarde o capitalismo industrial.




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