domingo, 19 de dezembro de 2010

As Ditaduras na Argentina e no Chile



Nos anos 40, grupos militares argentinos estavam insatisfeitos com a subordinação da Argentina em relação ao imperialismo inglês. Esses militares nacionalistas de direita, tomaram o poder num golpe no ano de 1943. No novo governo, um dos ministros se destacava, era o coronel Juan Domingo Perón.

Exercendo a função de ministro do Trabalho, Perón recuperou algumas leis trabalhistas do ex-presidente Irigoyen, e através de medidas que beneficiaram os trabalhadores, ele ganhou enorme popularidade, sendo eleito presidente da República em 1946. Perón, considerado como sendo o “pai dos descamisados” gostava de dizer que o Estado não era “nem capitalista nem socialista”, mas sim justicialista, ou seja, um “promotor de justiça” por meio das leis sociais.

Porém, no ano de 1955, em plena Guerra Fria, o nacionalismo de Perón, acabou por provocar a sua queda, visto que os militares argentinos influenciados pelos norte americanos, acabam por derrubar Perón, que se exilou na Espanha.

A saída de Perón não resolveu os problemas da Argentina. A crise econômica se agravou e os generais se apavoraram com a oposição. Golpes militares se sucederam. A instabilidade política se refletia na economia e finalmente, em 1973, Perón, que havia retornado do exílio, foi reeleito presidente. Mas em julho de 1974, um ano após a sua posse, acaba sofrendo um mortal enfarte e morre. A vice-presidente, era a sua esposa, Isabelita Perón, que assume o governo. Seu governo foi curto, e no ano de 1976, Isabelita, como era chamada, foi destituída por um golpe militar, liderado pelo general Jorge Rafael Videla.

A ditadura que se instalou na Argentina durante os anos de 1976 até 1983 seria uma das mais violentas e repressivas da história da América Latina. A repressão contra os grupos de esquerda levou ao desaparecimento de milhares de pessoas. Entidades de defesa dos direitos humanos estimam que o número de desaparecidos seja superior a vinte mil pessoas.

Desde 1955 até 1983, isto é, em 28 anos de história, a Argentina foi governada por oito generais, enquanto sete presidentes, entre civis e militares, acabaram sendo destituídos por golpes de estado. Nenhum presidente eleito pelo povo argentino concluiu o seu mandato nesse período.

Considerado um país relativamente estável, o Chile desconhecia golpes militares. Sua principal riqueza de exportação vinha das minas de cobre, que pertenciam à multinacionais norte-americanas.

Nas eleições presidenciais de 1970, houve uma grande surpresa com a vitória do socialista Salvador Allende, candidato da Unidade Popular, uma aliança que reunia vários partidos de esquerda, entre eles o Socialista e o Comunista, e grupos cristãos progressistas.

Em seu primeiro ano de governo, o presidente Allende nacionalizou as minas de cobre, as minas de carvão, de salitre, as siderúrgicas, os bancos, as ferrovias, o setor de telecomunicações, a exploração de petróleo e a produção de energia elétrica. Ele reduziu o analfabetismo, aumentou o salário dos trabalhadores e iniciou a reforma agrária no Chile. Com essas medidas houve reação por parte dos setores de direita e do capital estrangeiro.

Estimuladas pelo governo dos EUA, em setembro de 1973, as Forças Armadas do Chile se insurgiram contra o governo constitucionalmente eleito e tomaram o poder por meio de um golpe de Estado, liderado pelo general Augusto Pinochet. Allende defendeu bravamente a democracia com uma metralhadora em punho, mas acabou morrendo crivado pelas balas fascistas.

A ditadura de Pinochet foi uma das mais sangrentas do planeta. O estádio de futebol de Santiago virou um campo de concentração. O governo militar submeteu o Chile a um regime extremamente repressivo, sob o qual milhares de pessoas foram presas, torturadas e assassinadas. Muitos chilenos tiveram de sair do seu país para escapar a repressão.

Em 1988, Pinochet foi derrotado em um plebiscito popular, convocado para decidir sobre a sua permanência no poder por mais oito anos. Com a derrota, o general foi obrigado a convocar eleições para a presidência e entregar o governo ao candidato de oposição, vitorioso, Patrício Aylwin.

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