domingo, 17 de junho de 2012


Evolução Política do Brasil




Em seu livro Evolução Política do Brasil, publicado no ano de 1933, Caio Prado Junior, não se propõe a contar a História do Brasil, sendo apenas, como o próprio autor define, um ensaio sobre a nossa história.

Porém o que ele chama de ensaio tem um grande valor na historiografia brasileira, pois Caio Prado é um dos primeiro autores a se utilizar do pensamento marxista na análise dos acontecimentos desde o Brasil Colônia.

Logo no início da sua narrativa ele faz uma síntese do período Colonial, retornando à história de Portugal ele descreve como no século XV a burguesia comercial lusa se lança ao mar em busca de maiores lucros e menciona o apoio que esta mesma burguesia presta ao Mestre de Avis na conquista do trono português, conquistando desta maneira um lugar de destaque no novo reino.

Após permanecer nos primeiros trinta anos quase que abandonada, retirando-se dela apenas os troncos de pau-brasil, a nova terra passa a despertar maior atenção por parte da Coroa portuguesa que acaba por adotar a distribuição do território através das Capitanias Hereditárias.

Ele nós diz que, como tal regime não alcança o sucesso previsto, Portugal retoma as capitanias e resolve doar as terras para quem realmente tivesse cabedal suficiente para levar adiante a sua ocupação e desenvolvimento.

Caio Prado ao contrário de Nelson Werneck Sodré nega o cunho feudal do território brasileiro.  Ele explica como funcionou o sistema de distribuição de terras e a doação das sesmarias, pois é a partir dessa distribuição que se constrói a nossa sociedade colonial através da formação de grandes latifúndios monocultores e escravistas, deixando claro o caráter agrário exportador de nossa colonização.

Tal empreendimento latifundiário necessitava de mão-de-obra em grande escala e para isso empregou-se a princípio a escravidão indígena no cultivo da cana-de-açúcar, sendo substituído em seguida pela escravidão dos negros africanos.

No Brasil a pequena propriedade rural não obteve nenhum incentivo por parte da metrópole, e por isso os grandes latifúndios vão constituir a unidade econômica básica da Colônia, fazendo com que o senhor dos latifúndios a monopolizar as riquezas, ganhando prestígio e dominando os demais habitantes.  Nota-se aqui a concepção marxista, onde a economia define as coisas e dá origem a luta de classes. Os chamados “homens bons”, ou seja, os senhores de engenho eram os detentores do poder e exerciam o domínio sobre os poucos homens livres, os índios, os mestiços e os negros.

Caio Prado condena a ação dos bandeirantes nas chamadas “entradas”, classificando-as de caçada do homem pelo homem, onde os índios são aprisionados e forçados a trabalhar nas lavouras canavieiras. Ele também menciona que a Companhia de Jesus foi importante para deter tal movimento de captura, apesar deles mesmos servirem-se dos índios em seu próprio proveito nas chamadas reduções.

O autor trata rapidamente da escravidão africana, mencionando que os negros eram tratados como se fossem bestas pelos seus senhores.

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