sábado, 24 de julho de 2010

O Brasil na II Guerra Mundial



No dia 22 de agosto de 1942, com o povo nas ruas e a Galeria Cruzeiro, no centro do Rio (onde é hoje o Edifício Avenida Central), em estado de comício permanente, as edições extras dos jornais cariocas gritavam uma só palavra: GUERRA!


Getúlio Vargas reunira o Ministério, à tarde no Palácio do Catete, num encontro que demorara duas horas, e logo após a reunião o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) distribuía à imprensa o seguinte comunicado:


“O Sr. Presidente da República reuniu hoje o Ministério, tendo comparecido todos os Ministros. Diante da comprovação dos atos de guerra contra a nossa soberania, foi reconhecida a situação de beligerância entre o Brasil e as nações agressoras – Alemanha e Itália. Em conseqüência, expediram-se por via diplomática as devidas comunicações àqueles países. Examinaram-se, em seguida, diversas providências atinentes à situação, ficando os Ministros incumbidos de preparar os atos necessários. Resolveu, ainda o Sr. Presidente da República que o Ministério, daqui por diante, se reúna semanalmente para assentar outras medidas exigidas pelas circunstâncias”.


Essa atitude do Governo, contudo, não foi, no Brasil, a primeira manifestação concreta contra a Alemanha e a Itália, as nações agressoras. A primeira partiu dos estudantes brasileiros, que, antecipando-se de quatro dias à tomada de posição oficial do dia 22, e quando ainda estava chegando ao Rio notícias de torpedeamento de navios brasileiros nas costas de Sergipe, resolveram por conta própria romper com as potências do Eixo. No dia 15, um grupo de universitários cariocas, tendo à frente o acadêmico Luís Paes Leme, presidente da recém formada União Nacional dos Estudantes, apoderava-se do prédio número 132 da Praia do Flamengo, sede do Clube Germânia, e lá instalava o “Quartel-General dos Estudantes Contra a Quinta-Coluna no Brasil”. Isto é, instalava no luxuoso clube da elite alemã no Rio a sede oficial da própria UNE. Era o fato consumado.


A GUERRA, ENFIM


Dessa forma, e embora fiel às suas tradições antibelicistas o Brasil houvesse procurado manter-se à margem do conflito, já em agosto de 1942 nele se via envolvido, ao serem covardemente torpedeados 31(trinta e um) dos seus indefesos navios mercantes, o que se deus entre os dias 14 de fevereiro de 1942, quando foi afundado o Cabedelo, e 23 de outubro de 1943, quando foi torpedeado o Campos. Nesses afundamentos, morreram entre tripulantes e passageiros, 971 brasileiros.


Esses afundamentos traumatizaram ainda mais a opinião pública brasileira e levaram o Governo de Getúlio Vargas a reconhecer a existência do estado de guerra entre o Brasil e as potências do Eixo.


No ano seguinte – 1943 – a participação do Brasil na II Guerra Mundial tornou-se ainda mais efetiva, com a decisão do Governo e por solicitação direta do Presidente Franklin Delano Roosevelt, quando do seu encontro em Natal com Vargas, de enviar à Itália um corpo expedicionários constituído de três Divisões. Mas somente em julho de 1944 é que forças brasileiras partiram para o teatro da luta. O final da guerra, em maio de 1945, impediu que a 2ª e a 3ª Divisões fossem juntar-se, na Itália, à 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, o contingente brasileiro que lutara, como integrante do 5º Exército norte-americano, ao lado dos soldados americanos, ingleses e sul-africanos.


Silveira, Joel. Mitke, Thassilo. A Luta dos Pracinhas, p. 13 e 16.

Nenhum comentário:

Postar um comentário