Evolução Política do Brasil
Em
seu livro Evolução Política do Brasil, publicado no ano de 1933, Caio Prado
Junior, não se propõe a contar a História do Brasil, sendo apenas, como o
próprio autor define, um ensaio sobre a nossa história.
Porém o que ele chama de ensaio tem
um grande valor na historiografia brasileira, pois Caio Prado é um dos primeiro
autores a se utilizar do pensamento marxista na análise dos acontecimentos
desde o Brasil Colônia.
Logo no início da sua narrativa ele
faz uma síntese do período Colonial, retornando à história de Portugal ele
descreve como no século XV a burguesia comercial lusa se lança ao mar em busca
de maiores lucros e menciona o apoio que esta mesma burguesia presta ao Mestre
de Avis na conquista do trono português, conquistando desta maneira um lugar de
destaque no novo reino.
Após permanecer nos primeiros trinta
anos quase que abandonada, retirando-se dela apenas os troncos de pau-brasil, a
nova terra passa a despertar maior atenção por parte da Coroa portuguesa que acaba
por adotar a distribuição do território através das Capitanias Hereditárias.
Ele nós diz que, como tal regime não alcança o sucesso previsto, Portugal retoma as capitanias e resolve doar as terras para quem realmente tivesse cabedal suficiente para levar adiante a sua ocupação e desenvolvimento.
Caio Prado ao contrário de Nelson Werneck Sodré nega o cunho feudal do território brasileiro. Ele explica como funcionou o sistema de distribuição de terras e a doação das sesmarias, pois é a partir dessa distribuição que se constrói a nossa sociedade colonial através da formação de grandes latifúndios monocultores e escravistas, deixando claro o caráter agrário exportador de nossa colonização.
Tal empreendimento latifundiário
necessitava de mão-de-obra em grande escala e para isso empregou-se a princípio
a escravidão indígena no cultivo da cana-de-açúcar, sendo substituído em
seguida pela escravidão dos negros africanos.
No Brasil a pequena propriedade
rural não obteve nenhum incentivo por parte da metrópole, e por isso os grandes
latifúndios vão constituir a unidade econômica básica da Colônia, fazendo com
que o senhor dos latifúndios a monopolizar as riquezas, ganhando prestígio e
dominando os demais habitantes. Nota-se
aqui a concepção marxista, onde a economia define as coisas e dá origem a luta
de classes. Os chamados “homens bons”, ou seja, os senhores de engenho eram os
detentores do poder e exerciam o domínio sobre os poucos homens livres, os
índios, os mestiços e os negros.
Caio Prado condena a ação dos bandeirantes nas chamadas “entradas”, classificando-as de caçada do homem pelo homem, onde os índios são aprisionados e forçados a trabalhar nas lavouras canavieiras. Ele também menciona que a Companhia de Jesus foi importante para deter tal movimento de captura, apesar deles mesmos servirem-se dos índios em seu próprio proveito nas chamadas reduções.
O autor trata rapidamente da
escravidão africana, mencionando que os negros eram tratados como se fossem
bestas pelos seus senhores.
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