sábado, 24 de julho de 2010

A Revolução de 1930



O processo revolucionário que liquidou a República Velha em 1930 foi antecipado por uma profunda insatisfação popular e uma grave crise econômica e política. No final de 1929 já havia quase dois milhões de desempregados por todo o país. A aguda crise mundial deflagrada pela “quebra” da Bolsa de Nova York atingiu duramente a economia brasileira.


Fábricas fechavam em toda parte, ocorriam demissões em massa e os salários despencavam. As cotações do café no mercado internacional iam por água abaixo. Principal produto das exportações brasileiras, o café permanecia estocado, sem compradores. O pânico se alastrava entre os fazendeiros; a fome e o desemprego assombravam o povo.


Ao mesmo tempo, o sistema político predominante na República Velha, o chamado esquema do “café-com-leite”, em que São Paulo e Minas Gerais alternavam-se na presidência do Brasil, sofreu um grande abalo.


Atendendo aos interesses dos fazendeiros paulistas, o presidente Washington Luís impôs o nome de Júlio Prestes para a sua sucessão em 1930, quebrando o acordo feito anteriormente. Inconformado, o Partido Republicano Mineiro uniu-se ao Rio Grande do Sul, formando a Aliança Liberal e lançando a candidatura de Getúlio Vargas.


Essa aliança, entretanto, demonstraria ser muito mais que um simples acordo eleitoral. Era a expressão da séria situação política e social vivida pelo Brasil. Por trás dela estavam os participantes do movimento tenentista, jovens oficiais que desde 1922 lutavam contra os governantes da República Velha, e que atraíam as atenções das camadas médias urbanas.


Lideres como Miguel Costa, Luís Carlos Prestes, Juarez Távora, Siqueira Campos e muitos outros, que eletrizavam o país na campanha da “Coluna Prestes”, em 1924-1925, representavam cada vez mais um vento de renovação e uma verdadeira perspectiva de mudança, até mesmo para parcelas mais moderadas de partidos políticos tradicionais.


Em 1930 a Aliança Liberal era a grande esperança brasileira, com um programa progressista, pretendendo reformar as estruturas viciadas de governo e moralizar a administração pública. O programa anunciado por Getúlio Vargas prometia ainda soluções para a “questão social”, isto é, justiça social ao povo.


A derrota eleitoral nas eleições de março de 1930 não acabou com a Aliança. Pelo contrário (apesar da timidez de muitos lideres políticos), a Aliança Liberal, com Getúlio Vargas à frente, finalmente partiu para o assalto armado ao poder e facilmente derrotou a velha situação.


Adaptado de: Chiavenato, Júlio José. A Revolução de 1930, p. 2.


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